a
Preocupação ambiental
Não existe estímulo a construção de uma sociedade mais justa e igualitária sem o atravessamento de questões ambientais. E o estudo demonstra essa premissa, ao tratar sobre a importância da proteção ambiental diante dos diversos impactos negativos estimulados pela lógica capitalista nos processos de industrialização, por exemplo. Além disso, algumas das organizações entrevistadas destacam tal preocupação ambiental em suas atividades. Podemos refletir, ainda, questões ligadas ao racismo ambiental, quando impactos ambientais são direcionados a grupos vulnerabilizados, como mudanças climáticas, escassez de água, poluição, entre outros.
b
Da base para a base
A base diz respeito a grupos que estão no nível primário da pirâmide social. Empreendimentos, aceleradoras e organizações criados da base para a base são compostas por pessoas com os rótulos de renda, gênero, cor e território predominantes entre quem é identificado por vulnerável: mulheres, pessoas negras, LGBTQIAP+, pobres, marcadas pela trajetória de vida em favelas, zonas rurais e marginalizadas do acesso a serviços e produtos básicos. Entenda melhor de que maneira a base gera impacto para a própria base na Parte 3 do Estudo.
c
Cenário brasileiro do impacto social
Por traçar as novas cartografias do impacto social, por meio de análises de organizações de quatro regiões do país – Centro-oeste, Nordeste, Norte e Sudeste – o estudo desenha o cenário atual das organizações sem fins lucrativos. Obviamente, toda pesquisa é baseada em escolhas metodológicas e toda metodologia significa um recorte específico. Não é objetivo do estudo dizer, genericamente, que este é o panorama absoluto de impacto social no Brasil. Mas, por meio das análises traçadas, já é possível provocar discussões e reflexões do que significa empreender no nicho social em nosso país.
d
Desenvolvimento local e territorial
Os negócios de impacto positivo sem fins lucrativos possuem em seu escopo uma preocupação com o desenvolvimento local e territorial, ou seja, fortalecer as próprias comunidades para assim, chegar ao nível mais amplo. A ideia é estimular lideranças locais, por exemplo, para, além de garantirem o protagonismo de suas próprias vivências, serem responsáveis pelo engajamento de outras pessoas dentro dos próprios territórios. Para mapear as organizações participantes do estudo, o foco no desenvolvimento local e territorial foi um dos requisitos.
e
Empreendedorismo social
Trata-se de um movimento de consciente de agregar à lógica do empreendorismo uma preocupação com o fator social. Os empreendimentos sociais podem ser com ou sem fins lucrativos e possuem um caráter inovador em suas atividades. O estudo, além de trazer análises de empreendimentos sociais brasileiros, também explica em detalhes o significado deste termo.
f
FA.VELA
Criada em 2014 no Morro do Papagaio em Belo Horizonte, a organização é a responsável pelo estudo “Novas Cartografias do Impacto Social: um estudo da base para a base”. O FA.VELA busca fortalecer a aprendizagem empreendedora e a transformação digital inclusiva das comunidades periféricas que atendem. Para saber mais sobre a história do FA.VELA e sobre suas ações, acesse o e o site da organização.
g
Geração de renda
Impactar positivamente alguém ou algum negócio significa, necessariamente, contribuir para o aumento da renda? Nosso estudo demonstra que a percepção de impacto vai além da geração de renda. Mas é óbvio que não podemos nos esquecer que, sem comida na mesa, não há qualquer possibilidade de transformação social. Por muitas vezes, o trabalho das organizações sociais fomenta a geração de emprego e, consequentemente, contribui para a maior geração de renda dos públicos atendidos.
h
Habilidades em desenvolvimento
Os negócios de impacto social, em muitos casos, estimulam o treinamento de habilidades dos públicos impactados. No estudo, mostramos como a educação formal não necessariamente está ligada a noções empreendedora, entretanto, o compartilhamento de capacidades de gestão, por exemplo, é necessário para a promoção de impacto positivo por meio do empreendedorismo nas comunidades.
i
Inovação
É o grande “X” da questão de empreendimentos sociais. Inovar pode significar a garantia de desenvolvimentos sociais, econômicos e ambientais, porém, como destacamos no estudo, empreender com impacto não pode ser apenas uma inovação ou estratégia de mercado.
j
Juventudes
Como pensar transformações nas estruturas opressoras de mercado atuais sem potencializar as nossas juventudes? A geração de jovens e adolescentes não pode mais ser vista apenas como uma esperança para o futuro, mas sim como um projeto de presente. Por isso, na pesquisa também abordamos sobre a necessidade de desenvolver as habilidades das juventudes para potencializar a geração de impacto positivo por meio do empreendedorismo. Todas as organizações pesquisadas possuem as juventudes como público-alvo.
k
Know-how
Fazer muito com pouco. As instituições de impacto, principalmente as sem fins lucrativos, possuem know-how e vivências que merecem reconhecimento. As capacidades de enfrentarem as adversidades, além de estarem ligadas ao know-how de suas lideranças, também se devem às suas experiências e conexões com os públicos atendidos.
l
Lógica descolonizadora
Apesar de o termo não aparecer propriamente no estudo, buscamos atuar sobre a perspectiva de processo descolonizador. Ou seja, nossa proposta de análise se opõe a um cenário de referências elitistas e à reprodução de lógicas colonizadoras sobre geração de impacto positivo por grupos e territórios vulnerabilizados. A estrutura colonizadora a qual nos referimos é aquela criada por padrões brancos, cis-heteronormativos e patriarcais da sociedade.
m
Minorias
Termo que evitamos trazer no estudo. Optamos, assim, pelo uso da expressão grupos vulnerabilizados. Como, no Brasil, 46,8% das pessoas se identificam como pardos, 9,4% como pretos e 1,1% como amarelos ou indígenas, enquanto há 2,9 milhões de brasileiros que se declaram homossexuais ou bissexuais – segundo o IBGE – não podemos considerar tais grupos minorias. Chamá-los assim parece contribuir com os lugares de invisibilização aos quais são submetidos.
n
Negócio social
Similares aos empreendimentos sociais, os negócios sociais se diferenciam pela lógica de mercado. São tipos de negócios que têm propósitos enquanto valores. Entenda melhor sobre as definições de negócio social no estudo.
o
Organização da Sociedade Civil
Denominação que tem sido adotada com maior frequência, em substituição ao termo Organização não-governamental (ONG). As Organizações da Sociedade Civil (OSCs), atuam no Terceiro Setor e, como mostramos no estudo, são resultados da organização voluntária de indivíduos com o objetivo de promoção e de defesa de direitos.
p
Protagonismo da base
Da mesma maneira do conceito “da base para a base”, o protagonismo da base também confere maior visibilidade para setores colocados em níveis mais baixos da pirâmide social. O protagonismo da base é transformador, como pontuamos no estudo. p.106 e 124.
q
Quem lidera a transformação?
Para traçar as novas cartografias do impacto social, buscamos entender qual o perfil de quem lidera as atividades das organizações analisadas. Consideramos as trajetórias individuais dos gestores das organizações para, assim, compreendermos melhor os percursos dessas instituições. Apontamos dados de faixa etária, cor/raça, gênero, orientação sexual, renda, escolaridade, entre outros das lideranças.
r
Representatividade
Dedicamos a Parte 4 do estudo para discutir as questões relativas à representatividade. A partir da pesquisa, é possível entender qual a diferença faz, por exemplo, em ter uma liderança feminina em uma organização que impacta, majoritariamente, mulheres. Representatividade importa, e muito!
s
Sociopolítico
Ao entrevistarmos pessoas pertencentes aos públicos impactados pelas organizações pesquisadas, notamos o desenvolvimento de uma percepção sociopolítica, que atrelamos a questões de consciência racial, de conexão com a própria comunidade e também nas idealizações de futuro.
t
Territórios marginalizados
Favelas, quilombos, comunidades ribeirinhas. O estudo aponta como, tanto as lideranças das organizações quanto as pessoas impactadas pelas instituições são provenientes de tais territórios.
u
Urgência
O estudo demonstra como as atuações de organizações sociais são cada vez mais urgentes e necessárias na construção de um estilo de vida mais plural, justo e inclusivo. Tudo isso em virtude da lógica opressora que distribui recursos de maneira desigual entre indivíduos, causas e instituições.
v
Voluntariado
Não é nosso objetivo no estudo tratar o voluntariado de maneira depreciativa, muito pelo contrário, entendemos e vivenciamos o quanto certas organizações sociais só sobrevivem graças ao imenso apoio de sua base de voluntários – amigos, parceiros e até familiares. Porém, há um equívoco em encarar tais associações exclusivamente como pertencentes ao campo do voluntariado, como explicamos no estudo. A equipe merece e precisa ser remunerada. Entenda como as contas das organizações participantes são pagas.
w
Network
Para atuar no nicho de impacto social, é preciso criar redes. Em todo tipo de negócio, o network importa, mas quando falamos de empreendimentos sociais, as redes criadas garantem não só a sobrevivência das organizações, como também asseguram conexões entre os grupos dos territórios atendidos.
x
Experiência
Um dos temas mais trabalhados no estudo diz respeito ao fato de que, para atuar em organizações de impacto, que focam em grupos marginalizados, conhecer o contexto de realidades distintas não é suficiente. É necessário ter experiência, ter vivência, como apontamos na Parte 4 da obra.
z
Lazer
Algumas das organizações do Terceiro Setor pesquisadas apresentam como área de atuação os ramos de esporte e lazer. Disponibilizar atividades de entretenimento para seus públicas atendidos também é uma maneira de impactar positivamente.