Nesta data celebramos o Dia dos Povos Indígenas. Por muito tempo essa data tinha outro nome no Brasil. Um nome genérico, que fomentava o preconceito aos povos originários. A alteração formal do termo usado já é uma conquista. Mas ainda há muito para lutar.
No dia 19 de abril é celebrado o Dia dos Povos Indígenas. Essa data foi proposta em 1940, pelas lideranças indígenas de todo o continente da América que participavam do Congresso Indigenista Interamericano. Durante esse congresso foi criado o Instituto Indigenista Interamericano, que tem como objetivo zelar pelos direitos dos indígenas na América. O Brasil não aderiu ao instituto logo de cara, mas assim que se uniu ao instituto, inseriu a data de celebração proposta no congresso ao calendário brasileiro.
Em julho de 2022, a data de 19 de abril, que antes era chamada de Dia do Índio mudou oficialmente de nome para Dia dos Povos Indígenas. A nova lei brasileira que defende a mudança de nome alega que o termo “índio” é um termo genérico, que não considera as especificidades que existem entre os diferentes povos indígenas, como língua, cultura, crenças e até mesmo tempo de contato com a sociedade não indígena. Sendo considerado, portanto, um termo que induz o preconceito aos indígenas ao considerar todos iguais. O termo “indígena”, por sua vez, significa “natural do lugar em que vive”, se torna mais adequado, já que exalta a diversidade das culturas que torna cada povo indígena único.
O termo antigo foi usado primeiramente pelos portugueses quando chegaram ao Brasil, acreditando que estavam chegando às Índias. Mesmo após perceber o erro, mantiveram o termo para denominar todos os povos do continente americano. A troca dos termos, pode parecer mero preciosismo em um primeiro momento, mas ao observar com atenção não é uma troca superficial. Pode ser considerado grande conquista aos povos originários.
Não se deve mais usar o termo antigo. Ele deve ser substituído pelos termos “povos indígenas” ou “povos originários”. O ideal seria mesmo chamar cada etnia pelo seu nome, Mura,Uruéu-Au-Au e Guarasugwe, são alguns exemplos. Vale ressaltar que quem está debatendo essas mudanças de nomes são os próprios povos originários. Buscam assim, criar suas próprias narrativas.
Para ter uma noção, segundo o IBGE, os povos indígenas representam 0,4% da população do Brasil. De acordo com os dados de 2010, isso representava cerca de 837 mil indígenas em terras brasileiras, a maioria concentrada na região da Amazônia. Acreditam que esse número pode ter chegado a 1 milhão, mesmo com todos os problemas enfrentados por esses povos. Os povos indígenas sofrem ataques de extermínio desde a colonização, por isso se fala em resistência.
Uma das formas de resistência encontrada pelos indígenas é o ensino superior. Desde 2000, buscam através do estudo se inserir na sociedade e reivindicar seus direitos. Hoje já encontramos indígenas na política brasileira, como a Sônia Guajajara, que lidera o Ministério dos Povos Originários. Por esse motivo, o dia 19 de abril pode ser considerado mais um dia de luta dos povos indígenas que um dia de celebração.
Ainda há muito para ser conquistado. Apesar da Constituição Federal de 1988 reconhecer organização social, costumes, línguas, crenças, tradições e o direito originário sobre o local que ocupa, a luta de terras ainda é uma constante batalha. Os povos originários ainda são vistos como obstáculos ao desenvolvimento por muitas pessoas.
Os povos originários, entretanto, são os maiores defensores do meio ambiente. Se sentem responsáveis pelo cuidado natureza. Buscam manter a harmonia entre seres humanos e meio ambiente. Visam a sustentabilidade e o bem viver. É válido ressaltar que a manutenção do território abre espaço para a introdução de novas tecnologias. Isso é possível mantendo a tradição cultural de cada povo. Lembrando que os povos indígenas fazem a sua parte, mas só será possível falarmos em conservação do planeta quando os não indígenas também contribuírem para isso.
Agora que já tá sabendo, bora usar os termos corretos no dia a dia!
Vamos ajudar nessa mudança e contribuir para a luta dos povos indígenas.