Sabemos que contexto histórico brasileiro a população negra está em desvantagem desde a época da escravidão que foi finalizada a mais de 130 anos (mas que deixou resquícios na vida dos negros que vivem no Brasil até hoje). Mesmo após o seu fim os negros não possuíam uma estrutura social, econômica e política para seguir sua vida com dignidade e condições básicas, o que resultou em prejuízos no acesso à educação e ao mercado de trabalho.
De acordo com pesquisa realizada pelo Instituto Ethos em 2016, entre as 500 empresas brasileiras analisadas, apenas 6,3% dos funcionários dessas organizações são negros e ocupam cargos de gerência. Entre os cargos executivos apenas 4,6% são negros.
Esses dados alertam para a disparidade de participação dos negros nas empresas, destacando a falta de representatividade e de participação dos diversos públicos. Ainda hoje, algumas organizações mantêm um padrão em que alguns grupos sociais permanecem subjugados. Por isso é preciso desenvolver estratégias para combater a discriminação, promovendo espaços mais inclusivos com inserção no mercado de trabalho e oportunidade de fala para os negros sobre suas experiências profissionais.
Sabemos que os espaços de fala que os negros encontram na sociedade são em grande parte referentes a questões raciais. Esse é outro ponto que deve ser analisado, pois existem profissionais negros de diversas áreas, aptos a falar sobre sua profissão, conquistas e conhecimentos, saindo da perspectiva do negro como pessoa que só sabe e pode falar sobre racismo e discriminação.
Ao fazer apenas uma palestra na semana da consciência negra em novembro para um grupo de funcionários em sua maioria ou totalidade brancos, demonstra que a empresa seguiu meramente o calendário como uma obrigatoriedade. Se essas empresas estivessem realmente preocupadas com a situação dos negros no país seriam tomadas medidas para incorporar essa parte da população entre os seus funcionários.
É válido lembrar que a discussão sobre desigualdades sociais, discriminação racial, acesso a educação, mercado de trabalho e sobre a estrutura racista que os negros brasileiros estão inseridos deve acontecer frequentemente, em busca de mudanças significativas para a população negra que é historicamente prejudicada e tem direito às mesmas oportunidades que os outros grupos sociais.