Você mora em um território inteligente?

Cidades inteligentes

Autor: João Souza

Imagino que muitos de vocês que me leem agora já devem ter contemplado em algum momento formas de facilitar a rotina do seu lar. Um exemplo são as casas inteligentes, aquelas equipadas com novas tecnologias e dispositivos que automatizam processos e facilitam tarefas básicas do dia a dia.

Seja através da compra de um dispositivo que responde a comandos de voz, da conexão de alarmes de segurança ao seu celular ou até mesmo uma babá eletrônica que permite o monitoramento à distância. A busca pela conectividade inteligente é constante e o mercado nos responde com diversas possibilidades, desde as mais complexas às mais simples.

Essas alternativas são cada vez mais reais quando pensamos no pequeno território que nos cabe – nossas casas ou apartamentos. Mas já pararam para pensar como podemos, e devemos, conectar nossas cidades?

Cidades inteligentes são justamente isso, elas se integram e utilizam de sua rede, sua estrutura e sua população para potencializar seu desenvolvimento econômico e qualidade de vida. São consideradas inteligentes justamente por causa do planejamento estratégico de seu capital tecnológico e humano e sua estrutura para criar soluções para seus habitantes.

A IESE Business School m realiza anualmente um ranking das cidades mais inteligentes do mundo. Atualmente o Brasil possui 6 cidades nesse ranking – São Paulo, Rio de Janeiro, Curitiba, Salvador Brasília e Belo Horizonte. Para essa análise, a IESE utiliza 10 dimensões: administração pública, capital humano, coesão social, conexões internacionais, economia, governança, meio-ambiente, planejamento urbano e tecnologia. Todas essas categorias merecem uma análise própria e aprofundada. Mas por enquanto vamos nos ater ao panorama geral.

Ainda estamos bem distantes do topo desse ranking que analisou 183 cidades ao redor do mundo. Atualmente, São Paulo é a nossa cidade mais bem colocada e ocupa a posição 130, ou seja, estamos no caminho, mas ainda distantes dos padrões de harmonia e desenvolvimento necessário para cidades inteligentes. E claro, nós sabemos bem as dificuldades e a realidade de cada uma dessas dimensões, afinal lidamos com elas todos os dias.

A desigualdade social tem o seu papel em cada uma dessas dimensões, e como um grande ciclo é ela que nos impede de viver em territórios plenamente desenvolvidos e é o fim dela que garante o desenvolvimento das nossas cidades. Afinal, é a facilidade de acessos que determina o nosso bem-estar e seu oposto também é válido – sem acessos igualitários não desenvolvemos o nosso potencial humano, e não conseguimos desenvolver o nosso território.

E aí nos vemos à frente de outro ciclo vicioso, aquele em que apenas quem está no topo, e já possui todos os acessos, analisa e decide a melhor forma de lidar com as dificuldades de quem está na base da pirâmide. Criar cidades inteligentes já é uma tendência e uma forma de empreendimento, com a existência de empresas especializadas neste nicho. Mas fica aí a pergunta: é possível transformar a realidade de um território sem estar nele, sem viver as suas dificuldades e entender as demandas reais que afetam o ranking, mas cujas sutilezas e especificidades não são contempladas por ele?

Arrumar a casa e o território para torná-lo mais inteligente eficiente para quem ali habita é um processo que começa pelo entendimento de quais são as reais necessidades de quem vive naquele local. E a gente precisa começar pelas necessidades básicas.

Como forma de fazer parte deste movimento e transformar o território de Belo Horizonte em uma cidade cada vez mais inteligente, iniciamos o programa “Ce Tá On” em parceria com a prefeitura. O objetivo é conectar a população à cidade e as possibilidades que ela já oferece através do letramento digital. O acesso a serviços e possibilidades oferecidas em nosso território transforma pessoas, e afinal, quando falamos em cidades inteligentes é isso que buscamos, um território que transforme, respeite e conecte tudo que nele vive.

Fonte: https://www.futura.org.br/

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